O Estado da Coisa

Cuidado, post altamente crítico, com tom de revolta à mistura...

Universidade do Minho, Braga.
Há pouco peguei no Jornal de Negócios, onde vinha em título garrafal "Universidades deviam gastar metade do dinheiro".
Segundo o estudo, o despedício de dinheiro é alarmante no seio das universidades. Não querendo ser chato, acelerando o post, o estudo concluía que as universidades portuguesas podiam fazer o mesmo com metade do dinheiro que recebem.
E sabem o que acho? Estou de acordo. As universidades têm hoje em dia um défice de gestão, de savoir-faire alarmante.
Basta olhar para os lados e ver os desperdícios, os gastos, as aberrações de dinheiro mandado pelo ar.
Não há falta de dinheiro. Há sim falta de gestão.
Investe-se em coisas de facto incompreesíveis. Um exemplo? Há cerca de 2 anos a Universidade achou por bem gastar cerca de 100.000€ num campo de golfe no campus de Guimarães. (nem vamos falar dos gastos de manutenção anuais)
Interessante não?
Outro exemplo? É só pedir_ o programa BUTE. De bicicletas. Anunciado com pompa e circunstância... Programa lindo, fantástico.. Só que falhou! À força de querer fazer tudo à pressa "para parecer bem", o programa esqueceu-se de um facto importante: não pediu de volta as bicicletas que emprestou. Resultado? 2000 biciletas entregues, numa lógica de "empresto".. que acabaram por ser dadas. Sim, a universidade gastou dinheiro em 2000 bicicletas; acabando sem elas, e sem dinheiro!
FANTÁSTICO!!!!

Dinheiro mal gasto quando na prática, a universidade sofre de graves défices. Vou já de seguida contar-vos o meu dia de ontem; onde não consegui fazer nada devido às deficiências de gestão desta universidade.
Muito bem, estejam atentos para não se perderem.
Estando em mestrado, necessito de consultar revistas científicas, e bases de dados. O úníco sítio onde é possível aceder a essa base, é no IEEG, um gab. destinado ao apoio à investigação. Chego la, e o gabinete está fechado!! De férias, para 2 semanasm, sabendo que há trabalhos para entregar... Abre dia 14 de dezembro, por uma semana, para voltar a fechar para as férias de natal!
Prático não é?
Desco as escadas, para ir ao Centro de Documentação Europeia, e... FECHADO! De manhã está fechado, e certos dias também fecha de tarde. "Para qualquer dúvida consultar o IEEG": MAS O IEEG TAMBÉM ESTÁ FECHADO!!!!
Vejam como a universidade está interessada a proporcionar instrumentos aos seus alunos que pagam propinas... Para ter os serviços, FECHADOS.
Não acaba por aqui.
Vou à biblioteca, aceder a partit de um posto da universidade, às poucas bases de dados disponíveis, e adivinhem: A INTERNET NÃO FUNCIONA!!! Plano Tecnológico! Fantástico!
Pego no meu PC para o configurar para wireless da universidade; chego ao serviço E.., não, não está fechado, mas é como se estivesse.
3 funcionários, e só uma pessoa a atender. 12 pessoas à minha frente. Uma média de espera de 1h30 para configurar um simples PC.
Vou-me embora para a biblioteca novamente, vou para o último piso, onde se podem encontrar bastantes teses e adivinhem... SOU EXPULSO PORQUE AQUELE PISO VAI FECHAR! O funcionário de uma parte da tarde está de férias!

PARTE 2:
Acabado o periódo de férias da Sra. Responsável pelo IEEG, regresso eu, hoje de novo às 10h (dando ja tolerância p/ eventuais atrasos da Sra) e adivinhem... FECHADO!!!! A Sra saiu, foi tomar o pequeno almoço; às 11h30 ainda estava fechado: como podem concluir o pequeno almoço já vai grande e conta com 1h30!

Passo pela sala de computadores do CP1, co necessidade de ir mandar uns mails, e adivinhem:
- uma parte da sala dos pc's não funciona porque há um problema de sistema com não permite reservar certos postos,
- outra parte não funcionam porque os PC's estão desligados devido à "política verde" dos Serviços... Cá para mim a política e mais cinzenta, já que torna invivível o dia de qualquer pessoa.
OU SEJA
2/4 da sala não estavam a funcionar esta manhã.
Entretanto satei para outro pc, e outro CP, e aqui estou eu, frente ao computador dos anos 80, com teclado dos anos 70 - realmente bom para muscular os dedos vendo a força com que tem que se carregar nas teclas...

RESUMINDO:
Eis a situação de uma universidade portuguesa que se quer competititva com o resto da Europa.
Uma universidade que vive para ela própria e não para os estudantes que dela necessitem.
Estudantes que pagam propinas para ter este tal estado de coisas.
A Universidade não dá realmente os meios, serviços e utensilos-base de que necessitam os seus estudantes.

E assim vai o estado das coisas na Universidade do Minho, e provavelmente em boa parte do país.
Fantástico não .........?